domingo, 21 de novembro de 2010


↨ RESENHA ↓ A mão e a luva



A obra machadiana gira em torno de Guiomar, uma jovem órfã bastante ambiciosa e humilde que decide, de forma determinada, o alcance de seus objetivos materiais, sua ambição pela posição social e fortuna. Durante a trama, ela é “disputada” por três jovens rapazes com estereótipos tradicionais. Estevão, que faz a linha romântica, é sensível e apaixonado. Entretanto, Machado o apresenta de uma forma ridícula, o que traz em sua aparição na obra, um teor simplista e diminuto. Luis Alves, grande amigo de Estevão, e que, inicialmente, não apresenta interesse por Guiomar, passa a vê-la com outros olhos quando entende o gênio ambicioso da moça. Essa percepção faz com que o jovem compreenda seus motivos, e isso o encanta, pois, é também, um ambicioso puro. Jorge é o tipo pastelão, tem interesse pela moça, mas é de certa forma indiferente. Se a tiver, ótimo, se não, não muda muita coisa. Sua personalidade é vazia e simples, não tem grandes planos de vida e dá, durante a trama, uma sensação de inércia.

Guiomar, que fazia de tudo para agradar sua madrinha, uma rica baronesa, não imaginava que esta preferia, dentre os três, Jorge, que era da família. No entanto, por nunca ter se mostrado ausente ou feito algo errôneo, a velha baronesa confiava e botava créditos no sobrinho, pois era uma boa pessoa. A ambiciosa afilhada não queria se casar nem com Estevão, que aos seus olhos, parecia algo patético, nem com Jorge, em quem não via nada de mais (não era bom nem ruim). Nenhum dos dois despertava a curiosidade de Guiomar, exceto Luis Alves. Para ela, o jovem rapaz parecia misterioso, mas ao mesmo tempo astuto, sabia o que falar e como falar, admirava-o pela sua esperteza.

Entre o desejo do coração e a ambição, Guiomar encontrou em Luis Alves as duas coisas. Um homem que desejava poder social e político, e alguém que a amava pelos mesmos motivos que a fazia amá-lo. A união entre eles parecia a perfeição e, durante toda a obra, já se via esse final. Porém, o intuito de Machado não era criar algo inesperado, mas sim, demonstrar as características de se fazê-lo assim, previsível. “A mão e a luva” não é o tipo de narrativa em que se observa como os fatos se desencadeiam, mas com que propósito. E o que ele mostra é que entre Guiomar e Luis Alves havia a verdadeira sintonia, o encaixe perfeito que uma mão consegue ao colocar uma luva. Os dois tinham ideais parecidos e iriam lutar por eles, assim como retrata o último diálogo do livro
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